Tecnologia legada em TI, TO e TA representada por integração de sistemas antigos e modernos    

A tecnologia legada em TI TO TA é muitas vezes ignorada nos discursos sobre inovação, mas continua sustentando operações críticas em todo o mundo. Seja em ferrovias, indústrias ou serviços públicos, há sistemas antigos funcionando de maneira impecável, silenciosos, robustos e essenciais. Este artigo explora por que essas tecnologias persistem e em quais contextos elas são mais indispensáveis.

Mas dentro de uma empresa, especialmente aquelas que operam infraestrutura, transporte, manufatura ou serviços críticos, a realidade é bem diferente. E silenciosa. Lá, o velho não desaparece: ele permanece. E permanece não por nostalgia, mas por necessidade, estratégia e prudência técnica.

Mas afinal, por que os equipamentos legados ainda são essenciais, e em que contextos eles se distribuem entre os domínios da Tecnologia da Informação (TI), da Tecnologia Operacional (TO) e da Tecnologia da Automação (TA)?

⏳ O que é tecnologia legada em TI, TO e TA?

Tecnicamente, um sistema legado é qualquer tecnologia, hardware, software ou arquitetura, que continua em uso operacional, mesmo após ter sido superada por alternativas mais modernas. Não se trata de "obsoleto" no sentido vulgar do termo, mas de consolidado e funcional, mesmo sem atualizações.

Não é incomum que sistemas legados estejam operando há 30 ou 40 anos, sem interrupção, com estabilidade e precisão que surpreendem até os profissionais mais experientes.

🌐 Tecnologia legada em TI, TO e TA: três mundos distintos, e interdependentes

Antes de localizar onde vivem esses legados, convém compreender o terreno:

  • TI (Tecnologia da Informação): lida com dados, aplicações empresariais, bancos de dados, redes e sistemas administrativos. É o domínio do digital.
  • TO (Tecnologia Operacional): é o território dos processos físicos controlados por sistemas computacionais: fábricas, centrais elétricas, ferrovias, aeroportos. É onde bits encontram motores.
  • TA (Tecnologia da Automação): é a engenharia que integra sensores, atuadores, robôs, controladores e lógica de controle. É a interface entre a teoria do controle e a prática da produção.

Cada uma dessas áreas tem demandas técnicas distintas, e mantém legados por motivos diferentes.

🖥️ Tecnologia legada em TI: o velho que ainda calcula

Em muitas organizações, a TI abriga sistemas antigos que lidam com processos administrativos e operacionais que simplesmente não podem parar. Aplicações desenvolvidas há décadas, em linguagens como COBOL, Clipper ou Visual Basic, ainda rodam folhas de pagamento, cadastros de clientes, controle de estoque ou até mesmo operações financeiras de grande porte.

Esses sistemas:

  • Foram escritos sob demanda, com lógica ajustada à estrutura interna da empresa;
  • Estão tão interligados a processos decisórios e fluxos de trabalho que substituí-los implicaria redefinir toda a organização;
  • São robustos e fazem exatamente o que se espera deles, mesmo que rodem em sistemas como Windows NT, OS/2 ou AIX.

Além disso, muitos deles são “caixas-pretas” cujo código original não está mais disponível, seja por perda de arquivos, seja pela dissolução da empresa desenvolvedora. Ainda assim, funcionam. E ninguém quer ser o responsável por desligá-los.

⚙️ Tecnologia legada em TO: estabilidade em tempo real

É na Tecnologia Operacional que o legado encontra seu solo mais fértil, e mais sensível. Em ambientes industriais, energéticos e de transporte, os sistemas precisam operar em tempo real e com confiabilidade total.

Exemplos:

  • CLPs (Controladores Lógicos Programáveis) antigos: Allen-Bradley PLC-5, Siemens S5;
  • Sistemas SCADA sobre QNX, VMS ou Unix proprietário (exemplo);
  • Controladores de sinalização ferroviária baseados em circuitos TTL ou processadores 8 bits.

Nestes contextos:

  • O risco de parada é inaceitável. Interromper pode significar prejuízos ou acidentes;
  • A validação de novos sistemas exige simulações, redundância e certificações extensas;
  • Muitos sistemas ainda dependem de interfaces e protocolos industriais específicos, e raros.

TO, portanto, é o ambiente onde a confiabilidade do legado supera o apelo da novidade.

🤖 Tecnologia legada em TA: precisão que sobreviveu às décadas

A Tecnologia da Automação é talvez a mais flexível das três áreas. Enquanto TI e TO lidam com legados por necessidade e estabilidade, TA lida com eles por adaptabilidade.

Casos comuns:

  • Máquinas CNC que só se comunicam via RS-232;
  • Robôs industriais com controladores sem atualização de firmware;
  • Sistemas de controle que exigem hardkeys físicas.

A prática usual é integrar, não substituir. Usa-se gateways, encapsuladores de protocolo e soluções sob medida para estender a vida útil sem comprometer a operação.

TA mostra que nem sempre substituir é a melhor opção técnica.

🎯 Por que não se substitui um sistema legado com facilidade?

  • Interdependência técnica: mudar um sistema implica adaptar todos os que dependem dele;
  • Custo total de substituição: inclui treinamentos, downtime e certificações;
  • Ausência de substituto confiável: nem sempre há um novo sistema equivalente ao antigo;
  • Perda de conhecimento acumulado: técnicos seniores conhecem os sistemas legados em detalhes operacionais profundos.

📚 Equipamento velho não é sinônimo de desatualização

Se um sistema é confiável, previsível, validado e bem compreendido, ele está tecnicamente atualizado com a operação, mesmo que não esteja na última versão comercial.

O que chamam de “obsoleto” muitas vezes é, na prática, tecnologia madura e confiável.

🔍 O que a tecnologia consolidada em TI TO TA nos ensina?

A presença de legados nos ensina algo que raramente se ouve nas conferências de inovação: progresso não é sinônimo de descarte, é sinônimo de continuidade.

Compreender o legado é parte da engenharia. E manter o que funciona é, muitas vezes, o gesto mais racional e responsável que uma organização pode tomar.

Assim, em TI, TO e TA, os legados permanecem porque fazem sentido técnico, operacional e estratégico. Eles não são obstáculos ao futuro, são infraestrutura invisível que sustenta o presente.

Antes de perguntar por que o legado ainda está ali, talvez devêssemos perguntar: o que seria da operação sem ele?

→ Veja também: O uso do OS/2 em ferrovias | Mais artigos sobre sistemas legados

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Para citar este artigo em ABNT:
SILVA FILHO, J. Tecnologia legada em TI TO TA: por que ainda sustenta operações críticas. OldBits: a mágica dos 8 bits. São Paulo, 2025. Disponível em: https://oldbits.com.br/historia/115-tecnologia-legada-em-ti-to-ta-por-que-ainda-sustenta-operacoes-criticas. Acesso em: 14 set. 2025.
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Silva Filho, J. (2025, jul 11) Tecnologia legada em TI TO TA: por que ainda sustenta operações críticas. OldBits: a mágica dos 8 bits. Recuperado em setembro 14, 2025, de https://oldbits.com.br/historia/115-tecnologia-legada-em-ti-to-ta-por-que-ainda-sustenta-operacoes-criticas.
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SILVA FILHO, J., 2025. Tecnologia legada em TI TO TA: por que ainda sustenta operações críticas. [online]. [visto em 14 de setembro de 2025]. Disponível em: https://oldbits.com.br/historia/115-tecnologia-legada-em-ti-to-ta-por-que-ainda-sustenta-operacoes-criticas.
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SILVA FILHO, J. "Tecnologia legada em TI TO TA: por que ainda sustenta operações críticas." OldBits: a mágica dos 8 bits, São Paulo, 2025. Disponível em https://oldbits.com.br/historia/115-tecnologia-legada-em-ti-to-ta-por-que-ainda-sustenta-operacoes-criticas (acessado em 14 setembro 2025).
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SILVA FILHO, J. (2025) Tecnologia legada em TI TO TA: por que ainda sustenta operações críticas. OldBits: a mágica dos 8 bits, São Paulo. Disponível em: https://oldbits.com.br/historia/115-tecnologia-legada-em-ti-to-ta-por-que-ainda-sustenta-operacoes-criticas (Acesso em: 14 setembro 2025).
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