Apagador de EPROM |
No dia-a-dia de um laboratório de eletrônica, principalmente nos laboratórios como o que temos aqui no Museu OldBits, é muito comum utilizar ferramentas para trabalhos com EPROMs.
EPROM, ou Erasable and Programmable Read Only Memory, em tradução livre "Memória Gravável e Apagável Somente de Leitura", é um componente que já foi muito comum nos computadores e outros aparelhos eletrônicos digitais. A EPROM foi, por décadas, o lar da famigerada "BIOS" (Basic Input Output System), que é um pequeno programa que direciona o processador para realizar todo tipo de instrução antes de oferecer o controle ao usuário. Como se pode observar, o programa em BIOS não pode se perder quando o aparelho é desligado, ele deve se mater indefinidamente mesmo sem energia. Também é na BIOS que está contido a maioria dos interpretadores BASIC (Beginners All-Purpose Symbolic Instruction Code) presentes na grande maioria dos computadores antigos.
Isto é um tutorial | |
Tempo de execução: |
|
Habilidade: |
|
Experiência: |
|
Por muitos anos a única forma de criar a BIOS era por meio da gravação de antigas memórias denominadas "PROM" (Programmable Read-Only Memory), que funcionava por meio da "queima" de pequenos fusíveis internos, de uma liga titânio-tungstênio, para representação de bits. Por trabalhar com queima de fusíveis, a PROM não poderia ser desgravada: errou o programa, joga a PROM fora e grava uma nova. A EPROM veio para resolver este problema de descartar PROMs toda vez que o programador errava o código, ou toda vez que se precisava atualizar uma BIOS com novas funcionalidades: basta gravar o novo código na EPROM, sem perda de componentes eletrônicos.
Pois bem, para que a EPROM possa ser regravada ela precisa ser, primeiro, apagada completamente. Diferentemente das modernas memórias FLASH, que podem ser apagadas e regravadas eletricamente, a EPROM é apagada imergindo o componente em um ambiente com luz ultravioleta.
A luz ultravioleta é toda frequência luminosa que está acima da cor violeta. O olho humano percebe muito pouco a luz ultravioleta, mas pode sofrer com a exposição contínua a este tupo de radiação. A pele humana também. De fato, a luz (ou radiação) ultravioleta já se aproxima do Raio-X, e é altamente prejudicial à vida, por isso é largamente utilizada para esterilizar ambientes, materiais e, mais atualmente, utilizada para atacar microorganismos até mesmo no interior de órgãos para transplante, eliminando contaminações por vírus e bactérias que seriam prejudiciais ao receptador do órgão.
PROM antiga: não apaga | ||
EPROM: evolução da PROM | ||
Ultravioleta: acima do violeta e fequência próxima a Raios-X | ||
Apagador novo com defeito | ||
Reator original com defeito | ||
Reator reaproveitado de lâmpada PL velha | ||
Instalado reator de lâmpada PL | ||
Colocando lâmpada piloto NEON no furo da gaveta | ||
Feutro autocolante | ||
Conjunto montado pronto para fechar | ||
Apagador de EPROM fechado e funcionando | ||
Tudo Ok! |
Mesmo que seja, hoje em dia, fácil encontrar componentes em lojas de elétrica para montar um apagador ultravioleta para EPROMs, existem aparelhos ultravioleta de custo relativamente acessível no mercado, tornando quase inviável montar seu próprio apagador. No mercado, podemos comprar apagadores de EPROMs de 25 dólares, prontos para uso.
Adquiri recentemente um desses apagadores pela internet. Após esperar alguns poucos dias, o aparelho chegou, porém com um problema: a lâmpada simplesmente não acendia. Entre devolver o aparelho, pedir sua troca ou consertá-lo, resolvi analisar tecnicamente o que estava acontecendo para tomar essa decisão: se o problema fosse a lâmpada UV, é melhor acionar a garantia do aparelho (e esperar dias para um novo chegar), pois o valor da lâmpada nova pode representar até 80% do valor total do apagador. Fabricação chinesa é assim mesmo: reparar não compensa, joga fora e compra um novo! 😒
Ao abrir a carcaça do apagador, percebe-se que não passa de um conjunto lâmpada fluoresente com reator, só que alimentado por meio de uma chave temporizadora giratória e um botão gangorra liga-desliga, tudo acondicionado em uma carcaça plástica com gaveta para colocar as EPROMs a serem desgravadas.
Medindo as entradas de enegia e testando as saídas, o problema de não acender a lâmpada parecia residir no próprio reator. Após algumas medições de componentes da placa do reator, não consegui identificar o problema diretamente, o ideal seria substituir o reator, de alguma forma, para testar o funcionamento da lâmpada UV.
Pois bem, reatores de lâmpadas fluorescentes de baixa potência são muito caros, pois normalmente estão relacionados a kits ultravioleta. Seria quase como comprar outro apagador para consertar um danificado.
Só que existe uma saída: eu tenho aqui algumas lâmpadas PL antigas, usadas, que foram substituídas por lâmpadas de LED. As lâmpadas PL são, essencialmente, làmpadas fluorescentes com pequenos reatores embutidos. Bastou abrir a carcaça de uma dessas lâmpadas, com cuidado para não danificar o reator ou se ferir com uma lâmpada quebrada, e temos um pequeno reator de lâmpada fluorescente, de graça!
Feitas as ligações do novo reator, a lâmpada UV acendeu normalmente, sem problemas ou contratempos. Decidi não mexer mais no reator original, não compensa o trabalho e o apagador de EPROM já estava funcionando.
Aproveitei para fazer um pequeno "upgrade": a colocação de uma lâmpada NEON, do tipo luz piloto, na gaveta do apagador. Esse modelo de apagador vem com um furo na frente da gaveta, para que se possa visualizar que o apagador está ligado por meio do pouco de luz ultravioleta perceptível que passa pelo furo. Só que, como já dito, luz ultravioleta é uma radiação perigosa, então indesejável um furo justamente para vazar radiação UV só para que o operador possa visualizar se o apagador está funcionando. Melhor isolar totalmente a luz ultravioleta e utilizar uma luz piloto para checar o funcionamento do aparelho.
Como mostrado nas fotos, bastou uma lâmpada NEON, tipo NE-2 de 4mm, ligada em série com um resistor de 470K direto na alimentação de entrada do reator. Até pensei em colocar um LED de 5mm no lugar, mas o LED exigiria um circuito mais elaborado para ser ligado na rede elétrica, enquanto a lâmpada Neon NE-2 exige só um resistor, de baixa potencia, além de oferecer uma aparência de "old school" que o LED não oferece. Passei os fios finos do interior para a frente da gaveta, deixando uma boa sobra para que a gaveta possa abrir e fechar, e liguei à pequena lâmpada Neon no furo preexistente do apagador. Foi então só finalizar a gaveta com feltro autocolante de 2mm protegendo os fios da lâmpada Neon, tampando o furo restante, servindo até para preservar melhor as memórias EPROM que estão sendo desgravadas. Assim não vaza mais radiação ultravioleta do apagador, e temos uma excelente ferramenta pronta para uso.
Espero que tenham gostado da dica. Logo teremos mais do Museu OldBits.
Comments fornecido por CComment